Empreendimento pioneiro na América Latina, agora certificado pela União Europeia por seguir os padrões de sustentabilidade mais eficientes do mundo, evitará a produção de 438 mil toneladas/ano de gás carbônico equivalente (CO2) geradas pelo volume de lixo que chega aos aterros sanitários da região
O projeto da Central de Tratamento e Recuperação de Resíduos do Consimares (Consórcio Intermunicipal de Manejo de Resíduos Sólidos da Região Metropolitana de Campinas) recebeu, nesta quarta-feira (27/09), o certificado de economia circular e empreendimento de baixo carbono concedido pela LCBA (Low Carbon Business Action) da União Europeia. O representante da LCBA no Brasil, Carlos Vinícius Gnann, entregou o certificado ao presidente do Consimares, Mauricio Baroni, em evento realizado no anfiteatro da Prefeitura de Nova Odessa. Quando estiver em operação, a Central vai transformar em energia elétrica resíduos, sem potencial de reciclagem, produzidos nas sete cidades do Consórcio (Capivari, Elias Fausto, Hortolândia, Monte Mor, Nova Odessa, Santa Bárbara d´Oeste e Sumaré). O território tem população estimada em 1 milhão de habitantes, que produz 700 toneladas de resíduos por dia.
A certificação europeia reconhece que o projeto cumpre todas as condições de sustentabilidade a partir da rígida avaliação do comitê de especialistas independentes da LCBA. Segundo Gnann, foram examinados aspectos de sustentabilidade, economia circular, eficiência energética e ambiental e, principalmente, a redução da emissão de carbono.
Após a avaliação, a entidade da União Europeia concluiu que o projeto assumirá grande importância para redução dos gases de efeito estufa produzidos pelos aterros sanitários do território Consimares, responsáveis pela emissão de altas quantidades de metano para a atmosfera, segundo medições executadas, via satélite, com tecnologia desenvolvida pela NASA. “É um projeto que contribui para a diminuição de emissões de gases poluentes e tem compromisso com a economia circular”, assinalou o representante da LCBA no Brasil.
De acordo com o engenheiro elétrico Antonio Bolognesi, coordenador técnico do projeto e um dos maiores especialistas na área de gestão de energia do Brasil, a implantação da Central de Tratamento Consimares evitará a produção de 438 mil toneladas/ano de gás carbônico equivalente (CO2) geradas pelo volume de lixo que chega aos aterros sanitários da região.
“Estamos falando de uma redução de 90% dos gases de efeito estufa. Para cada tonelada de resíduos desviada do aterro, você tem uma vantagem de 1,7 tonelada de CO2 equivalente de gases de efeito estufa. Se considerarmos a vida útil estimada do projeto Consimares, que é de 40 anos, isso representa 17,5 milhões toneladas de CO2 equivalentes que deixarão de ser produzidas nas próximas quatro décadas”, dimensiona Bolognesi.
Todo material que chegará à Central será triado. Os resíduos provenientes da coleta seletiva (papel, plástico, vidro e metal) serão reciclados. Os rejeitos (resíduos sem potencial de reciclagem a exemplo do isopor) vão passar pelo tratamento térmico e serão transformados em energia elétrica. A previsão é de geração de 160 mil MWh/ano de energia elétrica, o suficiente para abastecer quase metade da população da região.
“O selo concedido pela União Europeia confirma a seriedade e compromisso do projeto com o meio ambiente, com o fomento da economia circular, de forma humana e sustentável. É uma iniciativa pioneira na América Latina, em termos de consórcio público, que vai transformar em energia elétrica o lixo que, hoje, fica embaixo da terra, sem valor, com prejuízos imensos ao meio ambiente”, comentou o presidente do Consimares, Maurício Baroni.
A Central de Tratamento Consimares já possui licença ambiental prévia emitida pela CETESB (Companhia Ambiental do Estado de São Paulo) e está em fase final de preparação para licitação da concessão dos serviços públicos de tratamento de resíduos produzidos nas sete cidades vinculadas ao Consórcio. Será construída em Nova Odessa, em uma área do distrito industrial, nas proximidades da Rodovia Anhanguera.
De acordo com o superintendente do Consimares, Mimo Ravagnani a implantação da Central de Tratamento de Resíduos segue as diretrizes do Planares (Plano Nacional de Resíduos Sólidos” que exige dos municípios soluções mais sustentáveis para destinação final dos resíduos em substituição aos aterros sanitários. Recentemente, o governo federal sinalizou apoio para a viabilização do empreendimento.
“O reconhecimento da União Europeia de que o projeto Consimares está de acordo com as melhores práticas mundiais de economia circular e de baixo carbono amplia a credibilidade do empreendimento diante da sociedade, de todas as esferas do poder público, entidades e órgãos jurídicos. É um projeto especial que ajudará a região e o Brasil a cumprir suas metas na gestão dos resíduos sólidos com segurança ambiental”, diz Mimo Ravagnani.
O projeto Consimares foi inspirado em outros 2.600 similares em operação contínua, 24 horas por dia, 7 dias por semana, na Europa, Ásia, América do Norte e África. Esses projetos são de vital importância para redução dos efeitos das mudanças climáticas que provocam catástrofes e mata milhares de pessoas no mundo a exemplo das enchentes no Rio Grande do Sul, na Líbia e em várias regiões da Europa, além das variações de temperatura extremamente agressivas para os seres humanos.
Com o certificado, o projeto da Central de Tratamento Consimares adquire o direito de utilizar o selo de projeto impulsionado pela LCBA criado pela União Europeia para apoiar projetos de baixa emissão de carbono e de transição energética para enfrentar as mudanças climáticas.
O evento para entrega do certificado contou com a participação dos prefeitos Zezé Gomes (Hortolândia), Claudio José Schooder, o Leitinho (Nova Odessa), Edivaldo Brichi (Monte Mor) e Dario Pacheco (Vinhedo), além secretários municipais de meio ambiente, gestores públicos, técnicos ambientais, vereadores e representantes de entidades como o CREA-SP (Conselho Regional de Engenheiros e Arquitetos).
ECONOMIA CIRCULAR
Além da geração de energia, o projeto da Central de Tratamento oferecerá soluções sanitárias, ambientais, econômica e social aos municípios. A estrutura prevê galpão e equipamentos de triagem de resíduos recicláveis (plástico, vidro, metal e papel) que vai gerar trabalho e renda aos profissionais da reciclagem.
Outro destino importante será dado aos resíduos orgânicos (restos de frutas, verduras, legumes poda de árvore) que serão tratados a partir de um sistema de biocompostagem e voltarão à sociedade em forma de composto orgânico, com distribuição gratuita à população, para ser utilizado na nutrição do solo de hortas e jardins.
A tecnologia proposta promete a reciclagem de 99% de todo volume de resíduo tratado. Isso porque o resíduo final pós-tratamento é um material inerte e inofensivo que pode ser utilizado, por exemplo, como complemento na produção de asfalto e concreto.
“Esse projeto muda completamente a rotina daquilo que é considerado um problema, que é o resíduo, que vai pra baixo da terra e faz produzir metano, mudança climática... e passa a ser um produto útil que vai gerar energia, a parte reciclável vai ser reciclada, a parte orgânica será transformada em composto. É um projeto que entra nos conceitos da sustentabilidade, economia circular, e de baixo carbono porque elimina a produção de metano”, assinala Bolognesi.
RECICLA JUNTO
A Central de Tratamento de Resíduos faz parte do Programa Recicla Junto Consimares que envolve os sete municípios consorciados em ações integradas para fomentar a economia circular na região com ampliação da coleta seletiva e valorização do trabalho dos profissionais da reciclagem.
O Programa também incentiva o reaproveitamento de resíduos orgânicos, por meio do projeto de compostagem, já em realização no município de Nova Odessa, além da implantação da usina móvel de RCC (Resíduos da Construção Civil), uma parceria do Consórcio com o governo do Estado.
Beth Soares – Jornalista
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